Alimentação para quem faz quimioterapia: que cuidados você precisa ter
Se você está se preparando para o tratamento quimioterápico, saiba, neste post, como se cuidar antes, durante e depois das sessões.
A quimioterapia é uma combinação de fármacos capaz de matar as células cancerígenas e um dos tratamentos mais tradicionais para o câncer. Embora nos últimos anos tenham sido registrados muitos avanços na forma de aplicação da terapia, que se torna cada dia mais personalizada de acordo com as necessidades do paciente, o tratamento ainda ocasiona uma série de efeitos colaterais.
Visando reduzir esses efeitos e passar pelo período de terapia com mais energia e preparo físico, a alimentação é uma das aliadas. Por isso, o acompanhamento de um profissional especializado como um nutricionista oncológico é essencial nos cuidados com alimentação para quem faz quimioterapia. Infelizmente, ainda há escassez de profissionais com tal perfil no mercado e nem sempre os médicos oncologistas esclarecem aos pacientes sobre a importância desse acompanhamento mais próximo. Mas, segundo Georgia Oliveira, membro-colaborador da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e nutricionista oncológica, as visitas a um nutricionista oncológico podem não só melhorar o seu bem-estar durante o tratamento, como também reduzir o número de reinternações posteriores.
Se você está se preparando para o tratamento quimioterápico ou passando por ele, saiba, neste post, como se cuidar antes, durante e depois das sessões.
Como a quimioterapia age no corpo e seus efeitos colateriais
Por terem a capacidade de matar células de rápida multiplicação – como as cancerígenas –, os quimioterápicos acabam destruindo outras células do organismo também e, com isso, têm efeitos colaterais que podem fragilizar a saúde do paciente durante o tratamento.
“O agente quimioterápico é inteligente e é capaz de procurar o seu alvo. Porém, ele pode causar esses efeitos colaterais em células sadias”, explica Georgia.
A queda de cabelo talvez seja um dos efeitos mais conhecidos, mas a terapia pode também levar à alteração do paladar, à perda do apetite, à queda da imunidade, à constipação (prisão de ventre), à infertilidade, à queda nos níveis de testosterona e da libido, à mucosite (feridas ou aftas na boca), ao ressecamento da pele, dentre outros.
É difícil precisar quais efeitos colaterais cada paciente vai sentir. Tudo depende do estado de saúde dele, do estágio da doença, do tipo de quimioterapia e da duração do tratamento. Por isso, o cuidado com a alimentação para quem faz quimioterapia é essencial. Começar o tratamento mais bem preparado certamente vai ajudar a enfrentar melhor esse momento.
Como é feito um Plano de Alimentação para quem faz quimioterapia
Geralmente, ao procurar um nutricionista oncológico, o paciente será submetido a análises que indicarão como está seu estado nutricional. A avaliação inicial pode envolver exame de sangue; aferição de peso, medidas, de massa muscular; bioimpedância, dentre outros. Com base nessas avaliações, é feito o diagnóstico do estado nutricional do paciente com o mapeamento do que é possível potencializar e o que precisa ser corrigido, dando origem a um Plano Alimentar e de Suplementação, se for o caso. Também será definida a frequência de acompanhamento durante o tratamento, que pode ser semanal, quinzenal ou mensal, dependendo do plano prescrito.
Algo muito importante de esclarecer é que não há uma lista de alimentos proibidos para o paciente oncológico. “Inclusive, há recomendações contra as dietas restritivas como as low carb ou cetogênicas”, explica Georgia. Assim, o equilíbrio e a análise personalizada é sempre o melhor caminho.
Como a quimioterapia é calculada tendo por base o peso corporal, pacientes obesos também tendem a ter mais dificuldades de passar pelo tratamento, pela dose mais elevada de medicamentos e ainda pelo ganho de peso, que pode acontecer caso a terapia envolva administração de corticoides. Por isso, esse grupo ganha atenção ainda mais especial dos nutricionistas. Da mesma forma, crianças e idosos, por terem necessidades nutricionais distintas, demandam acompanhamento específico do nutricionista oncológico.
Alimentação para quem faz quimioterapia: os cuidados antes
Os cuidados na alimentação para quem faz quimioterapia podem e devem ser iniciados antes mesmo do tratamento, embora nem sempre o paciente tenha tempo hábil para fazer um plano nutricional preparatório.
Uma das precauções mais importantes para quem está prestes a iniciar o tratamento é garantir que não haja um quadro de desnutrição, uma vez que isso pode acelerar a perda de massa muscular e prejudicar a absorção de nutrientes importantes.
Antes do início das sessões, o nutricionista também vai avaliar quais os riscos nutricionais envolvidos no tratamento. Pacientes com câncer de intestino, por exemplo, ou que serão submetidos a cirurgias em algum órgão do trato digestivo, têm riscos e necessidades diferentes das dos demais.
Cuidados durante o tratamento
Novamente, é preciso reforçar que não há uma receita única de alimentação para quem faz quimioterapia, já que cada paciente terá demandas distintas. No entanto, algumas recomendações são comuns.
A primeira delas está relacionada à ingestão de água em abundância. Como o efeito da droga é cíclico no corpo, ela é administrada e perde seu efeito após um tempo, sendo eliminada pelo organismo. Beber água regularmente melhora a função renal e facilita essa eliminação, fazendo com que seu corpo esteja mais preparado para as próximas sessões.
As náuseas e os vômitos são um efeito colateral comum em pacientes oncológicos. Caso você sinta ânsias de vômito, as recomendações de Georgia são:
- Prefira fazer refeições fracionadas.
- Procure se alimentar bem antes da sessão de quimioterapia, mas em porções moderadas.
- Inclua na alimentação o gengibre, o que pode ajudar na sensação de náusea. Você pode consumi-lo em sucos, chás ou em preparos. A romã também apresenta benefícios semelhantes.
- Evite refeições muito condimentadas.
Além disso, um cuidado importante com a alimentação para quem faz quimioterapia em geral é evitar o consumo de açúcar e industrializados, por serem considerados alimentos mais pobres em termos nutricionais e classificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como carcinogênicos.
Segundo Georgia, existem casos também de pacientes de quimioterapia que, pelo desconforto alimentar ou pela perda do paladar, acabam desenvolvendo transtornos alimentares, como a anorexia. No outro oposto, a compulsão alimentar também pode ocorrer, uma vez que é um período em que a pessoa está fragilizada e privada de algumas atividades, o que acaba levando-a a buscar prazer na comida.
Por isso, os cuidados vão além da alimentação para quem faz quimioterapia. É necessário estar atento e buscar acompanhamento psicológico, investindo na saúde mental como um dos mecanismos para um bom enfrentamento do momento.
E o pós-tratamento?
Ainda que os cuidados com a alimentação sejam mais flexíveis após o tratamento, manter o acompanhamento nutricional é fundamental. O paciente, segundo explica Georgia, volta ao início do ciclo de cuidados e deve tomar medidas preventivas novamente, buscando evitar novas internações ou reincidência da doença.
Uma das recomendações quando o assunto é prevenção do câncer, é adotar uma dieta anti-inflamatória com perfil alcalino. Alguns dos alimentos com essas características são:
- Romã (casca e semente)
- Brócolis
- Repolho
- Couve-flor e couve-de-bruxelas
- Frutas e legumes de cores vermelha, laranja e roxa (beterraba, cenoura, tomate, açaí, amora, mirtilo, framboesa, dentre outros)
- Cúrcuma
- Gengibre
- Chá verde
Além disso, é recomendada a diminuição da ingestão de proteína animal, por ter um perfil acidificante com índice e carga glicêmica mais baixos. Lembrando que, acima de qualquer recomendação, é fundamental que a avaliação seja feita de forma individual, por um médico especialista, levando em consideração seu histórico e as condições de saúde.
Para continuar se cuidando, entenda também os cuidados que todo homem deve ter durante este tipo de tratamento.
